A Tabela INTRODUÇÕES

As introduções conduziram a grandes alterações nas comunidades aquáticas

As introduções e as transferências de espécies de peixes exóticas conduziram a grandes perturbações nas comunidades aquáticas e representaram ameaças significativas à biodiversidade. No entanto, a utilização de espécies exóticas fez aumentar a produção neste sector, veja-se o caso, por exemplo, da introdução de Limnothrisa miodon, a sardinha-de-rio, no Lago Kariba, lago artificial recente no Zimbabwe. A tabela INTRODUÇÕES só trata de movimento de espécies entre países. Movimentações dentro dos países não são referidas, mas devem ser monitorizadas e regulamentadas pelas autoridades nacionais.

No ínicio dos anos 80, o Dr. Robin Welcomme da FAO começou a organizar uma base de dados documentando o movimento de espécies dulciaquícolas, entre diversos países (Welcomme, 1988). Em 1991, cedem-nos essa base de dados para que a utilizássemos na FishBase. A base de dados sobre introduções internacionais e transferências foi aumentada através duma estreita colaboração entre o Dr. Devin Bartley da FAO e a equipa FishBase, no sentido de incluir também peixes marinhos (baseados principalmente em Walford and Wicklund, 1973) e introduções não internacionais, como as resultante, p.ex., da abertura do Canal de Suez e a subsequente migração Lessepsiana (Por 1978).

A base de dados actual é uma versão actualizada da de Welcomme (1988), nomeadamente para corresponder à taxonomia recente, e alargada com novas informações. Estas últimas foram obtidas por uma investigação bibliográfica e pela distribuição de questionários FAO traduzidos nas línguas das Nações Unidas e enviadas às agências nacionais, aos ministérios da agricultura, às instituições científicas e aos centros nacionais e internacionais de investigação agronómicas. O formato dos questionários segue a estrutura da tabela INTRODUÇÕES da FishBase para que as informações sejam compatíveis. Uma lista dos peixes introduzidos em cada país tirada de Welcomme (1988) foi incluída nesse questionário afim de que as informações antigas pudessem ser verificadas e que as novas fossem acrescentadas no novo formato.

O Top-Ten das espécies introduzidas

O utilizador pode usar requesitos predefinidos para analisar a base de dados actual ou especificar ele próprio, para estabelecer estatísticas ou para sintetizar aspectos científicos concernes às introduções. Mais de 2750 registos dizem respeito a 446 espécies de 95 famílias. As dez espécies de peixes mais citadas como introduzidas ou transferidas são (por ordem decrescente): Cyprinus carpio, Oncorhynchus mykiss, Oreochromis mossambicus, Ctenopharyngdon idella, Oreochromis niloticus, Hypophthalmichthys molitrix, Micropterus salmoides, Gambusia affinis, Hypophthalmichthys nobilis, e Carassius auratus. A aquacultura foi a causa de introdução mais frequentemente citada e os governos nacionais os agentes mais nomeados como os responsáveis nas introduções iniciais. Os números de introduções por região (continentes) ou por causa, são ilustrados por gráficos cumulativos como o da Figura 8, inspirado em Ruesink et al.(1995).

As espécies introduzidas foram reconhecidas como um dos meios mais eficazes de aumentar a produção nas águas continentais (Coates 1995), mas também foram recinhecidas como uma das maiores ameaças à biodiversidade aquática autóctone (IMO 1994; ICES 1995; FAO 1995, 1996). Clique os botões Relatórios, depois Miscelânea, depois Introdução hostil a partir da janela MENU PRINCIPAL para imprimir uma lista de introduções hostis.

Numerosos dados, sobretudo sobre os impactos destas introduções, ainda faltam, e reconhecemos que esta tabela representa ainda uma síntese imperfeita da situação internacional, nomeadamente depois da integração das respostas do questionário. Se uma introdução faliu imediatamente ou se teve pouco impacto ambiental, ela pode ter sido simplesmente omitida e não reportada. Por consequência, as análises de impacto e o cálculo das percentagens não pode ser feito sem esquecer que a ausência de prova não é prova de ausência. Os utilizadores que possuam informações recentes sobre novas introduções ou transferências são convidados a contactar os autores no ICLARM ou na FAO. Uma versão da tabela INTRODUÇÕES está disponível no endereço http://www/fao.org/waicent/faoinfo/fisheri/statist/fisoft/dias/mainpage.htm.

Campos

Esta tabela inclui campos indicando qual o país originário da espécie introduzida, o ano em que foi efectuada, a razão da introdução e o seu impacto.

campo De refere-se ao país ou área geográfica de onde o peixe provém. O nome (NU) do país e a área FAO também são mostrados.

campo Para refere o país no qual a espécie foi introduzida. Também são fornecidos os nomes UN do país e da área FAO.

campo Ano indica o ano em que a espécie foi introduzida.

campo Limites indica a extensão/variação dos anos de introdução.

campo de escolha múltipla Período dá o período de introdução numa escala mais alargada. As escolhas incluem: antes do século XVIII, século XVIII, século IX;1900-1924;1925-1949;1950-presente; desconhecido.


Fig. 8. Número cumulativo das introduções internacionais de peixes de água doce por região continental FAO em função do tempo. Ver Caixa 8 para a discussão.

 
Caixa 8. Cronologia das introduções dulçaquícolas.

O gráfico da Fig. 8 representa uma curva cumulativa de introduções dulçaquícolas nas várias áreas terrestres da FAO, por anos. Os registos com datas de introdução desconhecidas foram colocados antes do século 18 juntamente com as introduções anteriores, não só para mostrar a sua magnitude mas também para que fossem considerados no total das introduções. O maior número de introduções corresponde ao conjunto Europa e antiga URSS enquanto que o menor número se verifica na América do Sul. Também é possível observar um aumento acentuado de introduções na Ásia entre 1960 e 1980, devido à expansão da aquacultura asiática.

É muitas das vezes difícil prever se uma espécie introduzida se vai estabelecer ou não. O sucesso dependerá dos caracteres biológicos da espécie e do meio. Para testar a hipótese de Pimm (1989) que propõe que o sucesso duma introdução deverá estar positivamente correlacionado com o tamanho máximo, Pullin et al. (1997) a percentagem das introduções bem sucedidas por espécie em função do comprimento máximo dado pela tabela ESPÉCIES. O resultado é uma correlação negativa para o conjunto dos dados existentes na FishBase!

Outros factores podem também influir sobre a taxa de sucesso, tais como a idade, a maturidade, a fecundidade, o modo de reprodução, a tolerância às temperaturas ou a estratégia alimentar.

Referências

Pimm, S.L. 1989. Theories of predicting success and impact of introduced species, p.335-367. In. J.A. Drake e H.A. Mooney (eds) Biological invasions: a global perspective. Scientific Committee on Problems of the Environment. John Wiley & Sons, Lda. Chichester U.K.

Pullin, R.S.V., M.L. Palomares, C.V. Casal, M.M. Dey and D. Pauly. 1997. Environmental impacts of tilapias., p.554-570. In. K. Fitzsimmons (eds) Tilapia Aquaculture. Proceedings of the Fourth International Symposium on Tilapia in Aquaculture, vol.2. Northeast Regional Agricultural Engineering Service (NRAES) Cooperative Extension.Ithaca; New York. 808p.

Christine Casal e Devin Bartley

 
Algumas espécies introduzidas são mantidas à custa de repovoamentos contínuos

O campo de escolha múltipla Razões fornece os seguintes motivos: aquacultura; pesca desportiva; ornamental; controle de mosquitos; controle de caracóis; controle de algas; controle de fitoplâncton; outro qualquer controle de pragas; alimento para animais; isco; difusão por introdução em países vizinhos; investigação; preservação; preenchimento do nicho ecológico; acidental, juntamente com outras espécies; acidental, a bordo de barcos; migração Lessepsiana; renovação da barreira natural; outro; desconhecido.

O campo Introduzido por refere-se aos responsáveis pela introdução, segundo as seguintes possibilidades: governo; projecto internacional; sector privado; individual.

O campo Estabelecimento selvagem diz-nos se a espécie se estabeleceu em águas naturais ou em reservatório e se se mantém através de reprodução ou de repovoamento.

O campo Estabelecida em aquacultura indica se a espécie é usada correctamente em aquacultura (sim/não) e se o seu uso é raro ou não. Um outro campo indica se a espécie requer assistência no cultivo para que se reproduza em aquacultura, ou se se mantém através de importações contínuas, como por exemplo Anguilla anguilla em Israel ou Psetta maxima em Espanha.

Os Impactos da introdução no ecossistema incluem efeitos na estrutura genética, hibridação, no tamanho do stock, na estrutura da comunidade, na sobrevivência, no comportamento adaptativo, no desempenho do "homing", no padrão de migração, na resistência às doenças, etc. As escolhas disponíveis são: benéfico; maléfico; não conhecido.

Os impactos socio-económicos incluem efeitos nos métodos de pesca, na relação esforço/captura, no consumo de peixe, na distribuição do trabalho (equidade, sexo), nos vencimentos etc. As escolhas disponíveis para os efeitos são: benéfico, maléfico, não conhecido.

Observações. Dá informações suplementares sobre reintroduções e as espécies que foram afectadas pelas introduções, entre outras (ver acima).

Relatórios

Obtêm-se dois tipos de relatórios a partir da tabela INTRODUÇÕES:

  • uma lista, por ordem cronológica de todos os países onde determinada espécie foi introduzida, e

  • uma lista de todas as espécies que foram introduzidas em certo país, com informação auxiliar.

Mapas

Se clicar no botão Mapa, obtem um mapa com os países de origem em verde escuro e os países com introduções estabelecidas em verde claro. Para cada país com introduções é mostrada a data de introdução e uma linha mangenta que liga o país de origem ao país de introdução.

Status
 
 
Muitas espécies de aquário estabeleceram-se em liberdade

A tabela INTRODUÇÕES é, tanto quanto sabemos, a maior base de dados global sobre movimentos de peixes, incluindo cerca de 2.750 introduções e transferências de mais de 440 espécies, que foram transportadas para, entre outras, aquaculturas (>900 registos), para pesca desportiva (>200 registos) e para fins ornamentais (>150 registos). É desconhecida a razão da introdução para um número considerável de registos (>400). Mais de metade das introduções documentadas estabeleceram-se em liberdade.

A tabela INTRODUÇÕES inclui principalmente o registo da primeira introdução de qualquer espécie num país, e não as que, eventualmente, se seguiram. As espécies que se encontram em aquários de lojas não são consideradas introduções num país, a não ser que tenham escapado e se tenham estabelecido no ambiente selvagem (caso frequente).

Gráficos

Os gráficos obtidos a partir desta tabela representam:

  • o número cumulativo de introduções dulciaquícolas desde o século XVIII até ao momento, mostrando as áreas FAO nas quais foram introduzidas (veja Fig. 8);

  • o número cumulativo de introduções marinhas desde um período anterior ao século XVIII até ao presente momento, mostrando a magnitude das introduções Lessepsianas em relação às restantes introduções marinhas;

  • o número cumulativo de introduções dulciaquícolas desde o século XVII até ao presente momento, mostrando as diversas causas de introduções.

Estes gráficos podem ser obtidos através do botão Introduções no menú gráficos. Os dois primeiros gráficos também podem ser obtidos a partir da tabela INTRODUÇÕES, seleccionando uma espécie.

Fontes

Toda a informação contida nesta tabela foi retirada de mais de 150 referências, como por exemplo, Courtenay e Stauffer (1984), Silva (1989), Crossman (1991), Holcík (1991), Nelson & Eldredge (1991), Ogutu-Ohwayo (1991), Eldredge (1994), Thys van den Audenaerde (1994), e todos os mencionados acima.

Harald Rosenthal, do Marine Science Institute, em Kiel, possui também uma base de dados com referências anotadas acerca de transferências de organismos aquáticos, que está a preparar para publicação. Pretendemos colaborar com ele no sentido de que, uma vez publicada, possa ser acessível através da FishBase.

Como chegar lá

Clique o botão Limites na janela ESPÉCIES e o botão Introduções na janela LIMITES. Também pode seleccionar Espécies no Menú Principal, Tópico na janela PROCURAR POR, e Introduções na janela PROCURAR ESPÉCIES POR TÓPICO.

Agradecimentos

Queremos agradecer a Robin Welcomme da FAO o facto de nos ter cedido o original da base de dados INTRO. Agradecemos a Liza Agustin, da equipa inicial da FishBase, a sua colaboração nesta tabela e numa versão anterior deste capítulo.

Referências

Coates, D. 1995. Inland capture fisheries and enhancement: status, constraints and prospects for food security. Thematic paper (KC/FI/95/TECH/3) presented to the Japan/FA. International Conference on Sustainable Contribution of Fisheries Food Security; Kyoto, Japan, December, 1995. 82p.

Courtenay, Jr., W.R. and J.R. Stauffer, Jr, Editors. 1984. Distribution, biology, and management of exotic fishes. Johns Hopkins University Press, Baltimore, Maryland.

Crossman, E.J. 1991. Introduced freshwater fishes: a review of the North American perspective with emphasis on Canada. Can. J. Fish. Aquat. Sci. 48(Suppl. 1):46-57.

Eldredge, L.G. 1994. Perspectives in aquatic exotic species management in the Pacific Islands. Vol. 1. Introduction of commercially significant aquatic organisms to the Pacific Islands. South Pacific Commission, Noumea, New Caledonia. 127 p.

FAO. 1995 Precautionary approach to fisheries. Part 1. Guidelines on the precautionary approach to capture fisheries and species introductions. FAO Fish. Tech. Pap. 350(1). FAO. Rome. 52p.

FAO. 1996 Precautionary approach to fisheries. Part 2. Scientific papers. FAO Fish. Tech. Pap. 350(1). FAO. Rome. 52p

FAO. 1997. FAO Database on introduced aquatic species. FAO, Rome.

Holcík, J. 1991. Fish introductions in Europe with particular reference to its central and eastern part. Can. J. Fish. Aquat. Sci. 48(Suppl. 1):13-23.

ICES. 1995. Code of practice on the introduction and transfer of marine organisms, 1994, p.35-40. In: FAO. Precautionary approach to fisheries. Part 1. Guidelines on the precautionary approach to capture fisheries and species introductions. FAO Fish. Tech. Pap. 350(1). FAO. Rome. 52p.

IMO. 1994. Guidelines for preventing the introduction of anwanted aquatic organisms and pathogens from ships ballast water and sediment discharges, p.41-50. In: FAO. Precautionary approach to fisheries. Part 1. Guidelines on the precautionary approach to capture fisheries and species introductions. FAO Fish. Tech. Pap. 350(1). FAO. Rome. 52p.

Nelson, S.G. and L.G. Eldredge. 1991. Distribution and status of introduced cichlid fishes of the genera Oreochromis and Tilapia in the Islands of the South Pacific and Micronesia. Asian Fish. Sci. 4:11-22.

Ogutu-Ohwayo, R. 1991. Fish introductions in Africa and some of their implications. Can. J. Fish. Aquat. Sci. 48(Suppl. 1):8-12.

Por, F.D. 1978. Lessepsian migration. Springer Verlag, Berlin, Heidelberg, and New York. 228 p.

Silva, S.S. 1989. Exotic aquatic organisms in Asia. Proceedings of the Workshop on Introductions of Exotic Aquatic Organisms in Asia. Asian Fish. Soc. Spec. Publ. 3, Asian Fisheries Society, Manila, Philippines. 154 p.

Thys van den Audenaerde, D.F.E. 1994. Introduction of aquatic species into Zambia waters, and their importance for aquaculture and fisheries. Aquaculture for Local Community Development Programme, ALCOM Field Document No. 24, 29 p.

Walford, L. and R. Wicklund. 1973. Contribution to a world-wide inventory of exotic marine and anadromous organisms. FAO Fish. Tech. Pap. 121, 49 p.

Welcomme, R.L. 1988. International introductions of inland aquatic species. FAO Fish. Tech. Pap. 294, 318 p.

Christine Casal e Devin Bartley